quinta-feira, 9 de abril de 2009

O meu gato e eu.

O meu gato chegou do tamanho da minha mão.
chorei na hora da janta para o ter. e consegui.

Era um pouco burro. Não sabia o que era um espelho. Achava que era outro gato. Quando nos vemos ao espelho procuramos uma cara que gostamos, por isso, apesar de sabermos que aquele que vemos somos nós, inconscientemente alteramos a realidade para nos aceitarmos de imediato. Acabamos por ser igualmente burros como o meu gato que luta contra um reflexo. Nós lutamos contra nós próprios.

O meu gato adormecia com o meu dedo mindinho na boca dele. Eu nunca adormeci com o meu ou qualquer outro dedo na boca mas secalhar até é bom! O meu gato achava que podia fazer o que queria, ele acreditava que era livre. Mas os humanos não permitem isso aos animais, nem a ninguém. O meu gato tinha um sítio onde deveria dormir, um sítio onde deveria arranhar, um sítio onde deveria comer. Mas o Shaolin Caramelo não quis saber. Ele achava que devia dormir comigo, por isso nunca dormiu na merda do cestinho. Ele achava que podia arranhar onde achasse mais gostoso, nem que fosse a pele de um qualquer inocente lá por casa. E comia o que lhe apetecia, nem que fosse um bocado de carne estragada no meio do chão há 25 dias. Por isso eu adorava o meu gato.

O meu gato ia para o meu peito para eu lhe fazer festinhas e essas coisas que os gatos gostam... Era a nossa posição preferida. Ele ficava por cima. Sempre. Mas ele nunca adormecia no meu peito. Nunca. Ele recebia os mimos que queria e sem qualquer compromisso, ele saltava do meu peito para o chão. Nem um obrigada. Nada. Algumas vezes adormecia e quando acordava passava-se e saltava com muita força nas patas traseiras. Bem, é macho, sabem?

Ele gostava de fornicar com o meu braço. Para ele, eu estar no computador era uma forma de o provocar sexualmente. E eu juro que não era. Mas ele atirava-se na mesma.
Bem, eu e ele eramos muito parecidos. Eu arranho quem tiver que arranhar. E ambos gostamos de ficar por cima. Ele achava que se conseguisse por-se atrás de qualquer objecto que tapasse pelo menos um dos seus olhos, estava seguro, e as pessoas à sua volta não o viam. E eu... Também.

Sinto falta de uma relação como a que tinhamos. Eu não tinha que dar grandes explicações, nem falavamos de sentimentos... Apenas eramos. Estavamos juntos e eramos o que quer que fossemos, eramos. Às vezes dava por mim a falar com ele, a ralhar-lhe ou a mimá-lo. Mas ele nunca compreendeu palavras. Ele descodificava códigos sonoros... Se eu o chamasse filho da puta com o tom todo amoroso ele continuava a ronronar... e se eu lhe berrasse a dizer que era doidinha por ele, ele ia-me olhar com o mesmo olhar arregalado e ficava certamente estático como ficava sempre que eu tripava com ele.

Tenho saudades de o ver a correr pela casa sem limites de velocidade e a fazer miados estranhos que pareciam palavras inventadas. Nunca percebi bem o masoquismo dos gatos, já tive muitos e quase todos eles gostavam de se atirar contra paredes, ou aproveitar o chão acabado de encerar para derrapar e mais uma vez, acabar com os cornos espetados na parede ou mesmo o grande feito de se porem em "arco" e começarem aos pinotes como se tivessem molas nas solas das patas e inevitavelmente (e já se tornava repetitivo) voltava a acabar com metade do pêlo pelo ar e claro, os cornos espetados no chão. Não sei o porquê deste comportamento, mas há quem defenda que era pela convivência comigo.

2 comentários:

  1. tenho dois cães. dois amores, entenda-se. um deles veio com 26 dias pa casa, outro foi acolhido.

    o dany é o "mais velho" e adormecia em pequeno sobre uma almofada com um relógio dakeles q fazem tic-tac debaixo pa simular o coração da mãe. acordávamos a meio da noite pa dar leitinho ao bebé e pa o transportar bastava um carapim. ensinei-o a dar a pata, a outra, a sentar-se e a deitar-se. apesar disso, sempre teve mau feitio e não aceitava facilmente uma festinha. agr, com a velhice, as coisas inverteram-se: não faz nada do q eu lhe mando, procura mimo e chora qd está sozinho. desde pekeno q tem a panca de beber água nos suportes dos guarda-sóis e pedi-la no bidé. tem a mania q tem q ir sempre em frente qd o levo a passear e detesta tomar banho.

    o ringo foi adoptado, era abandonado e aos pcos foi aumentando o seu grau d liberdade no q toca a invadir-nos a casa. hj em dia até aos quartos vai. ele é o q eu chamo de "poço de mimo". dp de ter sido atropelado ainda mais mimalho ficou. com a velhice, apenas s tornou mais sedentário. a única panca forte q tem é brincar com passarinhos q caem das árvores pq lhes acha um piadão qd lhes carrega com a pata e eles guincham. ah! e nunca lidou bem com brinkedos de borracha. e já agr, tem os dentes todos partidos pq qd lhe atiramos qq coisa vai partindo sempre um ou outro tal é a força com q fecha a matraca.

    resumidamente, já n sei viver sem estes dois miúdos. n sei nem kero saber como vai ser qd eles já cá n estiverem. sou mt ligada a eles. mesmo.

    *

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